Uma secretária do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), filiada ao PSOL, acusa nove pessoas, incluindo a professora Jan Alyne Prado e a influenciadora digital Beatriz Bueno, por comentários considerados ofensivos e transfóbicos em uma publicação que homenageava mulheres perseguidas na ciência. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual (DECRIN), do Distrito Federal.
A postagem, veiculada no perfil oficial do ANDES-SN no Instagram, incluía entre as homenageadas uma pessoa do sexo masculino que se identificava como mulher trans, Franz Demétrio, já falecida. Segundo a denúncia, os comentários das investigadas caracterizariam injúria preconceituosa. A Associação Mátria, que defende o direito das mulheres, está prestando apoio às acusadas e defende um debate sobre a liberdade de expressão acadêmica e a criminalização de opiniões.
“A denúncia levanta questões sobre o entendimento e a posição oficial do ANDES sobre os limites entre a liberdade de expressão acadêmica e a criminalização de opiniões que fazem referência à realidade material, biológica, ontológica, política e histórica das pessoas do sexo feminino, bem como à criminalização do senso comum, especialmente quando emanadas de membros da própria comunidade universitária e científica”, firma Clarice Saadi, diretora da Matria.
A professora Jan Alyne Prado relata ser vítima de assédio judicial por agentes públicos desde 2023. Na época, em um episódio envolvendo estudante trans na Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela foi acusada de discriminação por raça e identidade de gênero, e xingada de “vagabunda”. Alyne foi vítima de protestos, exibindo seu nome em cartazes com alegações de “transfóbica” e “racista”.
“Comprovei na época que as acusações eram infundadas. Mesmo assim, passei por um linchamento moral testemunhado pelo reitor e por funcionários da UFBA, durante cerimônia oficial. Apesar das evidências, uma comissão interna na Faculdade de Comunicação da UFBA arquivou o caso em fevereiro de 2024 por inexistência de correspondência material”, afirma Alyne.
Sobre a Matria
A Matria (Mulheres Associadas, Mães e Trabalhadoras do Brasil) é uma organização dedicada à promoção dos direitos humanos de mulheres e crianças com base no sexo biológico. A entidade atua na fiscalização de leis e políticas públicas, promove debates e tem representantes em diversos países, como África do Sul, Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Hungria, Inglaterra, Itália, Portugal e Suíça.


















































