Início Plantão Rio Ministra Cármen Lúcia encerra campanha "Justiça pela paz em casa", no Rio

Ministra Cármen Lúcia encerra campanha "Justiça pela paz em casa", no Rio

Nos cinco dias da campanha nacional “Justiça pela paz em casa”, encerrada nesta sexta-feira (13), foram feitos 70 júris e 10 mil práticas voltadas para ações contra a violência doméstica e contra a mulher, em todo o país. Também foram criadas varas especiais, em diferentes estados, para agilizar o andamento de processos.

 

A solenidade de encerramento da campanha ocorreu no fim da tarde de hoje, com as presenças da vice-presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que coordenou a campanha nacional, e do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, no auditório do tribunal, no centro do Rio.

 

“É apenas um começo de pensar e agir, e a cada nova etapa vamos aprender. Campanhas como essa são para que as coisas não fiquem invisíveis, porque quando as dificuldades não se põem de forma clara, fica mais difícil enfrentá-las”, declarou ela. “Esta não é uma Semana da Mulher, é uma semana de uma sociedade que possa viver em paz, homens e mulheres, com chances de serem felizes juntos”, completou.

 

O TJ-RJ fez cerca de 1,1 mil audiências de instrução e julgamento na semana, mais 21 reuniões plenárias sobre crimes de feminicídio (61% do total) – quando o homicídio da mulher ocorre por questão de gênero. Ao todo, foram proferidas 282 sentenças e 450 medidas protetivas de urgência.

 

Para a juíza Adriana Ramos de Mello, uma das idealizadoras do projeto Violeta, que visa a garantir a segurança, em tempo ágil, da mulher vítima de violência, o número é expressivo para apenas uma semana. Lembrou, entretanto, que ainda existem, somente no Rio de Janeiro, 131.030 processos envolvendo matéria de violência doméstica contra a mulher, e ressaltou que o mapeamento de crimes de feminicídio ainda é um desafio para o tribunal.

 

“Nem todo homicídio de mulher é um feminicídio. Tivemos que olhar processo por processo. Então, fica o desafio de como otimizar esses dados de forma mais rápida em uma segunda campanha”, comentou ela. A juíza elogiou o empenho de todos os tribunais na campanha, mas lamentou que o Judiciário ainda seja um ambiente muito machista, “e esse machismo talvez não venha somente dos homens, mas também das mulheres. Então, ver como os juízes e as juízas se engajaram, para nós, já é uma grande diferença dentro do nosso tribunal”.

 

Estudo do TJRJ aponta que o número de novos casos de violência doméstica e familiar, contra a mulher, aumentou mais de cinco vezes nos últimos oito anos, passando de 17.756, em 2007 – ano seguinte à edição da Lei Maria da Penha –, para 94.689 em 2014.